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O meu gato precisa fazer exames. E agora?

10 dicas para procedimentos rápidos e tranquilos

Este texto foi escrito com a contribuição da Dra. Clarissa Niciporciukas[*]

Exames laboratoriais (sangue, urina, fezes) e de imagem (radiografia, ultrassom, ecocardiograma, entre outros) são vitais para um diagnóstico preciso de possíveis problemas enfrentados pelos gatos.

Eles são requisitados pelo veterinário com base no histórico do paciente, no relato do proprietário e no exame clínico, feito durante a consulta.

Mas como minimizar o estresse durante a realização dos procedimentos?

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Frederico

Dez dicas para facilitar a vida dos tutores e dos gatos durante os exames

1. Dar preferência a laboratórios de confiança

Nas grandes cidades, há várias opções. É possível que o próprio veterinário faça a coleta de material para enviar ao laboratório ou para que o exame seja feito no laboratório da clínica.

Quando não conhecemos nenhum laboratório na especialidade procurada, o veterinário pode indicar. Outro caminho é pedir indicações a amigos gateiros e até pesquisar na internet, para ver se há reclamações, e a natureza delas.

2. Usar caixa de transporte

Levar o gato em caixa de transporte, preferencialmente forrada com uma toalha ou manta, mantendo-o fechado e bem afastado de cães, de outros gatos e de pessoas estranhas. Não permitir que cães cheirem a caixa de transporte, mesmo que sejam dóceis. Evitar que outras pessoas, inclusive crianças, mexam com o animal. O odor e a visualização de outros animais, ou de pessoas desconhecidas, podem assustar os gatos com muita facilidade, prejudicando o bom andamento do exame.

IMG_0071Se o gato for muito assustado, pode ser aconselhável cobrir a caixa de transporte com uma toalha, cuidando para que o bicho não fique abafado.

Além de ajudar a diminuir o estresse, o uso da caixa de transporte pode evitar uma eventual perda do bichano: eu já soube de alguns casos de gatos que fugiram dos braços de seus proprietários em salas de espera de consultórios veterinários e nunca mais foram encontrados.

 

3. Evitar ao máximo a colocação da focinheira

Eu não costumo permitir o uso da focinheira, a não ser que o gato seja muito agressivo. Até hoje, só tive dois peludos nos quais precisamos colocá-la: o Plug, depois que ficou agressivo por causa de um meningioma, e a Julie, que é uma siamesa-lata incrivelmente mal-humorada. Ressalto que, atualmente, os laboratórios e as clínicas veterinárias que estão bem preparados para lidar com gatos já aboliram o uso da focinheira para a maioria dos procedimentos.

É bom lembrar que há outras formas de conter um gato sem utilizar a focinheira. Uma toalha sobre sua cabeça e o seu corpo, por exemplo, pode ajudar bastante na contenção e, ao mesmo tempo, mantê-lo calmo. Assim, ter uma toalha extra na sacola do gato pode nos tirar de apuros sem assustar o bichano. Esse artifício funciona com a maioria dos gatos, mas não com todos, e também precisamos entender isso observando o comportamento de cada um.

A própria forma de segurar o gato pode ser suficiente para a sua contenção durante a realização dos exames.

Coçar a cabeça do peludo também pode ajudar, distraindo-o, por exemplo, da picada da agulha.

Devemos ter em mente que há uma grande diferença entre conter o gato com inteligência e apertá-lo: apertar o bicho não funciona porque ele vai se incomodar e não será cooperativo.

4. Sempre manter a calma

Nós somos a referência do nosso gato em um lugar estranho. Portanto, ficar nervoso, ter pena do gato, chorar ou lamentar-se não ajuda em nada. O bicho capta a insegurança e pode ficar agitado.

5. Entender os procedimentos para cada tipo de exame

Na coleta de sangue, por exemplo, cada profissional que a realiza poderá fazê-lo de uma veia diferente. Assim, podemos encontrar, em um mesmo laboratório, técnicos ou veterinários que coletam sangue tanto das veias periféricas (pata da frente ou pata de trás) como da veia jugular (no pescoço). Se você surta ao ver coletarem da jugular, é melhor informar-se antes de o procedimento ser iniciado e, se for o caso, verificar se há a possibilidade de que a coleta seja feita de outra veia.

Mas saiba que não há problema algum em coletar da jugular, porque esse procedimento permite colher um volume maior de sangue em menos tempo, diminuindo as chances de coagulação e consequente inviabilização da amostra.

Dependendo do exame, como no ultrassom abdominal, os pelos do local precisam ser raspados e não há problema algum nisso, pois eles crescerão novamente.

6. Ajudar a segurar o gato

É interessante que o proprietário ajude a segurar o gato durante os exames, ou que seja sincero se tiver algum problema com isso. Eu sempre ajudo a segurar os meus gatos porque os conheço melhor do que ninguém. Antes, pergunto como a pessoa que está fazendo o procedimento prefere que eu segure para não ter perigo de eu atrapalhar.

Um cuidado importante é não soltar o gato durante o procedimento, podendo prejudicá-lo ou contribuir para que o profissional, ou nós mesmos, seja atacado. Quando percebemos que a coisa não está indo bem, ou que não está conseguindo segurar o bichano, o melhor a fazer é avisar rapidamente.

7. Procurar não se estressar se a agulha escapar da veia

Isso é muito chato, mas pode acontecer, principalmente quando o gato pula ou puxa a pata. Não adianta se estressar, é recomeçar o processo. Só não vale transformar o gato em peneira e precisamos entender a diferença entre um incidente e a falta de tato para lidar com felinos.

Usar um laboratório de confiança é muito importante também neste caso, assim não ficamos em dúvida se a manipulação está sendo ou não bem feita.

8. Acostumar o gato a ser manipulado

Quando tocamos os nossos gatos no dia a dia, mostramos que eles não estão correndo nenhum perigo com isso. Essa atitude será de grande valia durante a realização de exames clínicos e laboratoriais.

9. Colher o cheiro do gato no paninho[†].

Quando alguns gatos saem para ir ao veterinário, ou para fazer exames, os outros gatos da casa podem estranhá-los na volta. Isso acontece porque gato que saiu de casa volta com cheiro diferente. Uma boa medida para ajudar a prevenir o estresse é guardar o cheiro do gato antes de ele sair.

A especialista em comportamento felino Pam Johnson-Bennett recomenda o seguinte:

Antes de sair de casa, pegue um par de meias limpo e macio e esfregue gentilmente o gato que irá ao laboratório/veterinário, principalmente nas bochechas, para coletar os feromônios. Coloque as meias em um saco plástico. A seguir, esfregue outro par de meias no gato que ficará em casa. Não se esqueça de esfregar as bochechas. Se você tiver vários gatos, faça esse processo com o gato que for mais ligado àquele que irá ao veterinário. Coloque esse par de meias dentro do saco plástico, junto com o primeiro.  Deixe o saco em casa.

Quando voltar para casa, coloque o gato que saiu em um quarto separado e feche a porta. Esfregue-o gentilmente com as meias guardadas, para redistribuir um pouco do próprio cheiro e também para misturar o cheiro do gato amigo. Deixe-o sozinho no quarto por algum tempo, assim o gato terá tempo de se lavar, tirar os cheiros estranhos e redistribuir no corpo o próprio e reconfortante cheiro.

Atenção: Não esfregue as meias no gato que ficou em casa. Além de ser desnecessário por ele não ter sido impregnado por cheiros estranhos, isso pode criar confusão, ou mesmo briga entre eles, se o gato que saiu for esfregado primeiro. O motivo é que o cheiro da clínica veterinária ou laboratório seria transferido do gato que saiu para as meias e, em seguida, para o que ficou em casa, que passaria a ser o portador de cheiros desconhecidos. Além disso, o intuito do uso das meias é apenas devolver cheiros familiares ao peludo que voltou com cheiro estranho. Simplesmente lave os pares de meias após esfregá-lo no gato que chegou do laboratório ou do veterinário.

Quando perceber que o gato está calmo, pode fazer a reintrodução, encorajando o encontro com uma sessão de brincadeiras e petiscos irrecusáveis.

10. Alimentar o gato logo após a realização do exame ou da coleta

Gatos não devem ficar em jejum prolongado, portanto, a não ser que o gato seja um vomitador profissional dentro de carros, pode ser interessante, para ele, comer um pouquinho após o exame.

 

E não devemos esquecer-nos de sempre observar tudo atentamente: nós mesmos, o animal, o atendimento, etc. Se algo não funcionou bem, vamos fazer diferente da próxima vez!

 

 

[*] Médica Veterinária especialista em Acupuntura Veterinária. Mestre em Patologia Experimental e Comparada. Revisora do periódico da Clínica Veterinária (São Paulo) e Professora de acupuntura da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais- SP.

[†] http://www.catbehaviorassociates.com/aggression-between-cats-after-a-veterinary-visit/

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