Companheiro para todas as horas, inclusive as felinas, o meu marido também já fez os seus resgates, ou melhor, me chamou para fazer. Um deles foi para buscar a Maya, uma linda sialata, que apareceu no trabalho dele.
A gata tinha cerca de 10 meses, estava faminta, cheia de graxa e era incrivelmente mansa: aceitou um banho e o secador de cabelos, mesmo tendo me conhecido há menos de 1 hora.
A Maya foi colocada para doação logo após ser castrada, vacinada, despulgada e vermifugada. Desde o início, eu tive vontade de oferecê-la para um casal que já tinha adotado outro gato meu, o Fefê, mas não o fiz temendo ser inconveniente, até que aquela vozinha interna venceu o pudor e eu escrevi com a proposta.
A doação do Fefê tinha sido muito uma experiência muito legal, porque ele já tinha sido adotado e devolvido anteriormente, voltando para doação quando tinha por volta de 7 meses, uma idade em que os gatos já começam a ser desprezados pelas pessoas. Felizmente, os adotantes não se prenderam a isso, além de não terem exigido nenhuma característica do gato, simplesmente o receberam de coração e mente abertos, assim como fizeram posteriormente com a Maya.
Foi emocionante a manhã de sábado em que eu e a minha amiga, que lhe fez lar temporário, entregamos a gata na casa nova. Enxoval e orientações deixados para a adaptação dos dois gatos, e tudo parecia resolvido! Mas não estava.
O genioso Fefê não aceitou prontamente a ideia de ter uma irmã e batia na Maya todas as vezes que se encontravam. Eu esgotei o meu arsenal de sugestões para que os dois convivessem bem, mas não foi suficiente. Então, sugeri que uma veterinária comportamental fosse consultada (http://www.psicovet.com.br/), e isso foi feito.
A profissional concluiu que os dois gatos se gostavam, porque se lambiam e chegavam a brincar um pouco. O problema era que o Fefê brincava muito forte e era meio estúpido, embora não tivesse intenção real de machucar a irmã. Outro inconveniente era que a Maya não tinha onde se esconder, pois não havia tocas para ela no apartamento e, para fugir dos ataques, acabava entrando debaixo da cama, lugar onde o Fefê também conseguia entrar, deixando-a acuada.
Então, foi sugerido:
- Colocar tocas para que a Maya tivesse esconderijos, quando sentisse necessidade. Segundo a profissional, as tocas eram importantes, porque, quando a gata se sentisse acuada, poderia entrar em uma delas, mas o Fefê não conseguiria fazê-lo e o máximo que poderia acontecer seria algumas trocas de patadas.
- Alterar o esquema para deixá-los juntos, separando-os durante o dia, e juntando-os apenas à noite, quando houvesse alguém em casa.
- Brincar de varinha com os gatos todas as noites até cansá-los.
- Dar comida somente quando estivessem cansados das brincadeiras.
- Fazer a separação dos potes de água e comida para que não houvesse competição.
As recomendações foram seguidas. Com o tempo, a Maya aprendeu a dar um basta no irmão trapalhão e eles passaram a conviver bem.
Há alguns dias, quase onze meses depois de a Maya ter sido adotada, recebi a feliz notícia de que, pela primeira vez, ela e o Fefê dormiram na mesma cama. Fiquei muito feliz por terem se entendido, o que aconteceu graças à persistência dos adotantes.
Além do aprendizado sobre manejo proporcionado pelo contratempo, o verdadeiramente importante dessa história foi a demonstração de amor e a postura de responsabilidade que o casal adotou desde o princípio, porque eles nunca reclamaram de nada, ou sequer insinuaram devolver a Maya, embora eu tivesse deixado claro que a receberia de volta, caso fosse preciso.
Preocupavam-se apenas com o seu bem-estar, queriam que tudo desse certo e não pouparam esforços para isso. Um caso com desfecho reconfortante para mim e para o meu marido, e uma lição de comprometimento para muita gente
Hoje vemos que tudo valeu a pena! Com muito amor e paciência, finalmente, conseguimos! Érica, obrigada por estar sempre presente! Beijos.
Débora, sou eu quem agradece: pelo comprometimento e pelo lar maravilhoso que vocês deram aos dois peludos. Parabéns pela linda família! Um grande beijo a todos vocês.