Uncategorized

Como cuidar de uma gata prenhe e dos seus filhotes

O dia a dia da gata Lisa – parte 1[1]

Como ter um marido bem treinado em assuntos felinos significa que ele pode fazer resgastes, o meu capturou uma fêmea prenhe no trabalho e trouxe para eu cuidar: a Lisa, uma linda sialata, de poucos amigos, com idade estimada em dois anos.

Lisa 2 red
Lisa e os bebês com 7 dias

Eu tenho bastante experiência em cuidar de gatos idosos e enfermos, mas gatas prenhes e bebês recém-nascidos não apareciam na minha vida há muito tempo. A minha primeira providência foi levá-la à veterinária, tentar entender como estava a gestação e pedir orientações sobre o que eu deveria observar e o que deveria fazer.

A Lisa chegou à minha casa no dia 06/10/2015 e teve os bebês na madrugada do dia 17/10. Era um sábado, eu levantei mais tarde que o habitual e encontrei um lindo bilhetinho do marido na porta do lavabo: “Oi, vovó”.

bilhete
Bilhete do marido

Após matar a minha curiosidade vendo os dois bebês já limpinhos, entrei em parafuso, mesmo já tendo feito mil perguntas para a veterinária, pensando se a gata já tinha ou não tido todos os filhotes. Hora de consultar em tempo real as amigas gateiras experientes em crias e a veterinária.

Eu tive sorte: a Lisa só teve mesmo os dois gatinhos e foi tudo muito tranquilo, porque, quando amanheceu, ela já tinha resolvido tudo. Mas as recomendações e os relatos que recebi podem valer para outros casos.

O objetivo deste texto é dividir o que eu aprendi com a situação e mostrar que, mesmo não tendo espaço ou experiência com o assunto, é possível socorrer o animal em risco. Vou contar aqui o dia a dia desde quando a Lisa chegou em casa até a adoção dos seus filhotes.

A intenção inicial era que todos – mãe e filhotes – fossem doados, mas, por enquanto, o destino da Lisa está incerto devido ao seu temperamento. Talvez ela fique por aqui.

 

 

O dia a dia da Lisa e dos seus filhotes – como proceder quando levar a gata para casa.

Lisa 1 red
Lisa e o bebês no dia em que nasceram
  1. Preparar um refúgio seguro e aconchegante para a gata. Sempre que um gato novo, temporário ou permanente, é adicionado ao ambiente, ele precisa, necessariamente, ser acomodado em um cômodo restrito, mesmo que não existam outros gatos na casa. Isso é importante por que:
    • Dá tempo para que o animal se acostume aos barulhos e aos cheiros do novo ambiente, bem como ao seu cuidador
    • Permite melhor observação do comportamento e da saúde do novo bichano
    • Preserva a saúde dos demais gatos. Isso se justifica porque, por mais saudável que o novo gatinho pareça, sempre é possível que exista alguma doença incubada, e a prevenção é o caminho mais seguro e mais barato para evitar eventuais complicações
    • Evita problemas de relacionamento com outros gatos, por falta de uma introdução adequada

Colocar no cômodo escolhido uma toca, cama confortável, ração para filhotes (que deve ser mantida até os bebês serem desmamados), água e caixa de areia – que deve ficar o mais longe possível dos outros itens.

No caso da Lisa, como eu tenho vários gatos, a minha única opção foi acomodá-la no lavabo. O espaço é pequeno, mas ela e os seus filhotes estão protegidos e bem alimentados.

  1. Cuidar da saúde. Levar a gata ao veterinário para fazer uma avaliação geral da sua saúde e pedir orientação sobre os cuidados específicos para o caso. Não deixe de pedir a indicação de um antipulgas seguro.
  2. Preparar um ninho para a cria. Uma caixa de papelão grande, forrada com jornal e, por cima dele, um pano quentinho (que possa ser descartado depois porque deve ficar bem sujo), ou mesmo um tapete higiênico descartável, é o suficiente.
  3. Fazer uma ultrassonografia pode ser interessante para avaliar o tempo de gestação e a saúde dos filhotes. Mas não é imprescindível, e o melhor caminho é seguir a indicação do veterinário.

Eu quis fazer o exame na Lisa, mas ela surtou na hora de começar, escondeu-se debaixo da torre do aparelho e me mordeu quando tentei tirá-la de lá.

  1. Identificar um hospital veterinário de fácil acesso, caso haja algum problema durante o parto.
  2. Entender quando a gata está entrando em trabalho de parto para poder acompanhar o processo. Alguns sinais são: diminuição do apetite, agitação, agressividade, procura esconder-se, contrações, rompimento da bolsa: quando o trabalho de parto começa, rompe a primeira bolsa e escorre um líquido claro
  3. Observar o parto e entender quando a gata já terminou de ter todos os filhotes e que não há perigo de haver algum bebê que não conseguiu nascer.
  • Os gatinhos nascem, um a um, dentro de uma bolsa, com o cordão umbilical ligado a placenta. A mãe lambe, tira a membrana que envolve os bebês, corta o cordão umbilical e come os restos.
  • Nesse processo, devemos apenas observar e não interferir, deixar a gata limpar os bebês
  • Se algum gatinho tiver ficado entalado ao nascer, pode ser necessário ajudar a gata. Peça orientação antecipadamente ao veterinário sobre como fazer isso
  • O processo de nascimento de todos os filhotes pode demorar muitas horas, sendo que o intervalo entre os nascimentos pode ser chegar a duas horas
  • Gemidos, miados e outros sinais de desconforto demonstrados pela gata podem significar que ainda há gatos para nascer ou que há algo errado. Devemos ficar atentos
  • Contrações também podem indicar bebês ainda por vir
  • Quando todos os filhotes já tiverem nascido, a gata vai se lavar – até então ela estará concentrada em limpar os bebês, e, depois, e, provavelmente, se alimentará
  • Outra forma de ter certeza que o parto já terminou é pedir para o veterinário palpar a gata. Converse com o profissional para avaliar a viabilidade do transporte
  • É possível que a mãe tenha um pouco de sangramento por alguns dias
  • É possível que a mãe tenha diarreia por um ou dois dias por causa da ingestão dos restos do parto
  • Se a gata tiver qualquer tipo de secreção malcheirosa e/ou purulenta, correr para o veterinário
  1. Deixar a mãe e os bebês o mais sossegados possível
  2. Se a mãe rejeitar algum dos filhotes, ele provavelmente tem algum problema. Para salvar o gatinho, podemos separá-lo e:
    • limpá-lo
    • desobstruir as suas vias aéreas (pedir orientação ao veterinário sobre como fazer isso)
    • mantê-lo aquecido com panos quentes e garrafa ou bolsa de água quente enrolada em jornal para manter o calor e não esquentar demais. Cuidado para não queimar o bebê!
    • alimentá-lo com mamadeira a cada 3 horas usando leite apropriado, com cuidado para que ele não engasgue. Atenção: a posição de um gatinho ao ser amamentado não é a mesma de um bebê: o gatinho deve ficar como se estivesse apoiado nas quatro patas
    • estimulá-lo a fazer xixi e cocô, fazendo na barriga e na região genital massagens leves, em círculos, e em direção ao anus, usando um algodão umedecido em água morna
    • Pedir ao veterinário orientações específicas para os passos acima e para o que ele achar necessário
  3. A partir da segunda semana de vida dos filhotes, é hora de começar o trabalho de socialização

No próximo texto vou relatar como está transcorrendo esse trabalho.

Vaquinha red
Bebê vaquinha com 10 dias
Branco red
Bebê sialatinha com 10 dias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

[1] Texto elaborado com a colaboração da Dra. Ana Regina Torro (Mestre em homeopatia, com atuação em clínica veterinária, homeopatia e acupuntura. Professora de homeopatia. Clínica veterinária Colibri – torroanacarlos@terra.com.br.), e de membros do MOPI (https://www.facebook.com/mopibichos) e da OPA-Valinhos (https://www.facebook.com/opavalinhos).

admin

Informações biográficas sobre o autor.

Você também pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagem CAPTCHA

*