Uncategorized

Insulinoma: um tumor raro em gatos

O insulinoma é um tumor maligno, de rápido crescimento, das células beta do pâncreas. A função principal dessas células é produzir e secretar insulina, que tem uma variedade de efeitos sobre o corpo, sendo a principal regular a glicose das células. Como os insulinomas secretam insulina, a corrente sanguínea fica com a glicose baixa (hipoglicemia), que causa fraqueza e problemas neurológicos.

O insulinoma não afeta os gatos na mesma intensidade que afeta outros animais domésticos, mas pode e, certamente, os acomete.

Docinho red

Sintomas

O sintoma mais comum do insulinoma é o colapso físico ou a perda de consciência. Convulsões, fraqueza extrema e outras alterações neurológicas também são comuns. Entretanto, como a insulina é liberada periodicamente, os sintomas podem não ser consistentes, e a sua frequência não é necessariamente previsível.

Muitos dos sintomas precisam de intervenção imediata, mesmo antes de um diagnóstico fechado.

 

Diagnóstico

Uma combinação dos sintomas e uma baixa glicemia no sangue podem ser indicativos de insulinoma.

A mensuração da concentração de insulina no sangue e a ultrassonografia abdominal ajudam a fechar o diagnóstico.

Exames de raio-x podem ajudar a determinar eventuais metástase.

Outros exames e a frequência do acompanhamento serão determinados pelo veterinário

 

O meu caso de insulinoma: a doce gata Docinho

Eu adotei a Docinho em 2004, já adulta e com problemas de saúde provocados pelos vírus da herpes e da calicivirose.

Depois de entrar em remissão dos sintomas provocados pelos vírus, e com o avançar da idade, ela desenvolveu Doença Renal Crônica (DRC) e megacólon.

O ano de 2014 começou difícil com o agravamento do megacólon. Depois de algumas semanas com pouco apetite, aquela segunda semana de janeiro de 2014 começou animando a casa, com a Docinho recuperando a vontade de comer.

Após alguns dias se alimentando bem, em uma manhã nós vimos a gata simplesmente cair de lado, no chão, enquanto comia.

Corri para a veterinária imediatamente e, durante a consulta, percebemos que a Docinho estava com sintomas neurológicos: quando era colocada em pé, andava quase em círculos, sempre para o mesmo lado. E parecia cada vez mais prostrada.

Achamos mais seguro interná-la, pois o quadro não fazia muito sentido. Com um encaminhamento em mãos, levei-a para o hospital. Durante o caminho, ela começou a respirar com a boca aberta, cada vez mais ofegante.

O trajeto até o hospital, que não é muito perto de casa, foi tenso e terminou comigo correndo pela rua, com a caixa de transporte na mão, para escapar do trânsito congestionado.

Como já estavam nos esperando, a Docinho foi atendida imediatamente e logo recebi a notícia de que ela estava hipoglicêmica, com a glicemia sem marcação no medidor.

Ela foi estabilizada com a aplicação de glicose em bolo, ou seja, uma grande quantidade diretamente na veia. E tudo se repetiu: novos picos de hipoglicemia e novas aplicações em bolo, surgindo, então, um grande ponto de interrogação: o que estaria causando aqueles picos de hipoglicemia?

Até que a veterinária dela pensou na possibilidade de insulinoma, um tumor de pâncreas raro em gatos. Na verdade, nenhum dos veterinários envolvidos no tratamento tinha visto antes esse tumor em um gato, porque até mesmo os relatos de literatura são escassos.

A primeira parte para fechar o diagnóstico tinha sido feita, e consistia na associação dos picos de hipoglicemia com melhoras rápidas após a aplicação da glicose em bolo e novas baixas de glicose subsequentes, mas isso não poderia ser feito por muito tempo.

Além disso, o ultrassom abdominal mostrava o pâncreas alterado, com alguns pontos sugerindo nódulos.

Faltava, então, um exame de sangue para mensurar a insulina no sangue da Docinho e que confirmou a suspeita: ela tinha insulinoma. O resultado do exame, que mede a concentração de insulina no sangue foi o seguinte:

Tabela insulinoma

Entre os poucos casos abordados pela literatura, há relatos tanto de remoções cirúrgicas do tumor como de tratamentos mais conservadores, feitos com corticoides. A escolha do tratamento para a Docinho descartou a cirurgia. Pela pouca ocorrência do tumor, ela acabaria sendo exploratória e delicada pela região afetada. Além disso, o ultrassom indicava que ela poderia ter mais que um tumor, o que poderia comprometer o sucesso do procedimento.

Optamos pelo tratamento com cortisona, e ela ficou estável, com a glicemia sendo monitorada diariamente.

Infelizmente, os corticoides, que foram ministrados como tratamento do insulinoma, são drogas delicadas para pacientes renais, e a DRC da Docinho descompensou alguns meses mais tarde. Apesar de todos os ajustes no tratamento, a valente gatinha não suportou a piora da função renal e faleceu alguns meses depois.

Apesar do desfecho triste, foi reconfortante conseguir que ela tivesse mais alguns meses de vida. Isso quase não aconteceu, porque crises de hipoglicemia como a que levou ao diagnóstico de insulinoma são fatais sem intervenção imediata.

Trouxe o caso da Docinho porque ele me fez ficar mais atenta com meus outros gatos e também pode alertar pessoas que talvez se deparem com a mesma situação. Felizmente, nós estávamos em casa no momento em que ela passou mal, por isso foi atendida prontamente. Além disso, a troca de ideias entre os profissionais que cuidaram do caso foi fundamental para o diagnóstico.

Site pesquisado:

http://www.petmd.com/cat/conditions/cancer/c_ct_insulinoma

 

admin

Informações biográficas sobre o autor.

Você também pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagem CAPTCHA

*