O dia a dia da gata Lisa – parte 2
Gatos não nascem afeiçoados a pessoas, mas, sem dúvida, estão prontos a aprender como fazer isso desde o nascimento. E cabe a nós ensiná-los. Quando resgatamos um gato, a primeira preocupação é sempre com a sua saúde, mas você sabia que a socialização é tão importante para o futuro do bichano quanto ele ser saudável?
Sim, porque gatos bem socializados têm maiores chances de adoção e menores chances de problemas comportamentais quando adultos.
Por isso, assim que tomarmos as providências com relação à saúde dos bichanos, devemos encarar a socialização como o próximo passo para o seu bem-estar.
Claro que o temperamento do gato e o ambiente onde ele viverá terão influência no seu comportamento, mas a socialização é imprescindível para que ele tenha um bom relacionamento com diferentes indivíduos. O processo de socialização começa quando os gatinhos atingem entre 2 e 3 semanas de vida.
Recomendações iniciais
A socialização dos filhotes consiste basicamente em acostumá-los com novas experiências como sons, pessoas, brinquedos, contenção, manipulação, etc.
Por isso é importante que ela seja iniciada cedo. Contudo, quando a mãe gata for arisca precisamos agir com cautela para nos preservar de eventuais ataques, e, principalmente para não estressar os animais.
Se a gata ficar nervosa com a manipulação dos bebês a ponto de vocalizar, assoprar, ou atacar, uma atitude afrontosa para pegá-los poderá provocar um estresse ainda maior em todos.
Se esse for o seu caso, como é o meu com a Lisa, é preciso equilibrar a introdução de novas experiências com o mínimo de estresse possível. Mas, lembre-se de balancer a gentileza com o tempo adequando para início da socialização dos bebês. Se você esperar demais, por perder o momento.
Algumas sugestões:
- Manter a calma
- Quando a mãe estiver mais à vontade com o ambiente, tentar ficar por perto enquanto ela come, mas, apenas, se isso não a inibir
- Começar fazendo pequenas aproximações:
- Sentar perto do ninho
- Conversar com os gatos
- Mostrar as mãos (a uma distância segura)
- Quando for seguro, oferecer a mão para a gata cheirar
- Fazer carinhos furtivos nos bebês, procurando não ocasionar assopros ou ataques da gata
- Quando a gata estiver mais à vontade com a sua presença, pegar rapidamente os bebês para que ela entenda que você não vai machucá-los
- Quando a gata permitir, fazer pequenos carinhos nela
- Se possível, manter o Feliway difusor na tomada o tempo todo
Agora, se a gata for mansa, tudo fica muito mais fácil! Só não se esqueça de respeitar os limites e o descanso que ela precisa para cuidar dos filhos. Lembre-se também que os bebês são muito sensíveis e pegue-os com cuidado.
Não se esqueça de manter os filhotes seguros!
Logo os bebês estarão brincando e fazendo arte, e precisamos cuidar da segurança deles.
- Não usar, e nem armazenar, produtos tóxicos no cômodo onde eles estão.
- Usar apenas água com um pouquinho de vinagre branco diluído a limpeza do local.
- Deixar o cômodo seguro:
- Se eles estivem no banheiro:
- Cobrir o ralo para que eles não removam a tampa, correndo o risco de cair dentro
- Manter fechada a tampa do vaso sanitário
- Colocar para cima as cortinas do box e do vitrô, caso você as tenha. Certificar-se que eles não as escalarão e nem conseguirão se enroscar nelas
- Não deixar os filhotes com crianças ou cães sem supervisão
- Não deixar os gatinhos em cômodos com cadeiras reclináveis, pois eles podem entrar debaixo delas e acabar sendo presos ou mesmo esmagados
- Observe buracos e objetos onde eles possam ficar presos. O ideal é agachar para ter uma visão com ângulo próximo ao deles
- Se eles estivem no banheiro:
Recomendações gerais:
- Não doar nenhum dos filhotes antes de 8 semanas de vida. É muito importante que eles fiquem, pelo menos, até essa idade com a mãe e com os irmãos.
- Não colocar roupa na mãe para impedir a amamentação no processo de desmame, ela saberá dizer “não” se não quiser amamentar e essa atitude dela será importante pra eles irem aos poucos lidando com a frustração.
- A partir da segunda semana, pode ser introduzido o patê para filhotes, segundo a orientação do médico veterinário, mas isso sem impedir que mãe amamente. Tudo tem de ser bem natural.
- NUNCA entregar os gatinhos para o adotante sem que eles já estejam castrados. É nossa responsabilidade atuar para que a população felina não aumente ainda mais. Se você tiver pressa em entregar os bebês e deixar para castrá-los depois, isso pode não dar certo por diversos motivos. Imprevistos acontecem o tempo todo, não corra o risco. Atualmente, vários veterinários já fazem a castração precoce, ou pediátrica, que é segura e imprescindível para bem-estar e para o controle populacional desses animais.
O próximo texto sobre a Lisa falará mais da socialização e da manipulação dos filhotes durante esse período.
Sites consultados:
http://www.alleycat.org/page.aspx?pid=292