Melanoma ocular em gatos: quando a mesma notícia ruim vem em dose dupla

Encarando a enucleação

A Camila era uma rainha, majestosa e bela. Uma gata preta, grande, fofa na medida, reluzente, e dona de rara elegância, mesmo para o reino felino. Ela foi a primeira gata que eu peguei da rua depois de casada, quando tinha cerca de 4 meses de idade. O meu marido estava viajando a trabalho e encontrou o lindo presente quando voltou para casa. Depois de alguns dias de um certo mau humor, ele se apaixonou pela beleza e escolheu o seu nome.

O Grego foi o presente de grego de um conhecido, que a minha mãe não teve coragem de recusar. Era um bebê tigrado, que estava dentro de um cano, e só pode ser resgatado após a parede ser quebrada. Chegou para nós minúsculo e teve que ser alimentado com leite especial para gatos filhotes. Tornou-se um gato grande, lindo, grudento e ronronento.

Quando tinha por volta de 10 anos, um dos olhos da Camila começou a escurecer e isso foi, inicialmente, associado à idade, fato que realmente pode causar algumas manchas oculares inofensivas.

Após alguns anos com a coloração estabilizada, as manchas voltaram a escurecer e o veterinário pediu que consultássemos um oftalmologista.

Eu aprendi que a conduta de tratamento para melanoma ocular varia de acordo com o profissional, sendo que alguns optam pela enucleação imediata e outros pelo acompanhamento, com tratamento paliativo quando há alta pressão intraocular, devido ao glaucoma associado. Para a Camila foi adotada a segunda opção durante quase um ano, pois a constatação do tumor não tinha sido clara e apresentada apenas como uma possibilidade.

Quando eu soube que o quadro dela já se caracterizava por um tumor, pedi que a enucleação fosse feita. A análise do olho removido mostrou que, infelizmente, o câncer já havia extrapolado os domínios oculares. Ainda assim, ela viveu bem durante um ano depois da cirurgia, quando, após um período de evidente crescimento do tumor, ela teve metástase no pâncreas e morreu aos 18 anos.

Na mesma época, o Grego também começou a apresentar coloração escurecida em um dos olhos. Quando a Camila morreu, eu quase enlouqueci e também quis fazer a enucleação dele, mesmo sem ter certeza absoluta de que o gato tinha um tumor. A análise do olho removido mostrou que ele realmente tinha um melanoma ocular, mas que, devido à cirurgia precoce, não havia indicações de infiltração fora do nervo ocular.

As duas cirurgias correram bem, mas os dois gatos me fizeram o favor de arrancar o colar elisabetano durante o trajeto da clínica para casa, enquanto eu dirigia, e de coçar os pontos. O resultado foi muito sangue, rapidamente estancado com compressas de gelo.

Os dois gatos adaptaram-se muito bem à perda de um olho, tornando-se piratas perspicazes. Três anos depois, o Grego, hoje com 12 anos, continua comigo e eu lamento profundamente não ter feito a cirurgia da Camila mais cedo.

Sintomas do melanoma ocular

• Possível mudança na cor da íris
• Pontos escuros na superfície do olho
• Íris irregular e grossa
• Possível glaucoma secundário (alta pressão intraocular):
  • Pupilas dilatadas
  • Abaulamento do globo ocular
  • Eventual cegueira

Diagnóstico

• Exame oftalmológico completo: mensuração da pressão ocular e ultrassom ocular.
• Exames de sangue, ultrassom abdominal e raio X para avaliação da possibilidade de metástases, podem ser solicitados considerando o quadro do animal e a critério do veterinário. Contudo, metástases podem não ser evidentes até alguns anos após o surgimento do tumor.

Tratamento preconizado

• Gatos idosos com progressão lenta da doença: podem-se considerar apenas avaliações periódicas.
• Gatos jovens com progressão rápida da doença: enucleação.
• Quando há envolvimento de moderado a difuso da íris: pode ser preferido o tratamento conservador, com exames periódicos e tratamento de um eventual caso de glaucoma secundário que, independentemente do tumor, pode causar forte dores.
• Alguns profissionais não recomendam a enucleação, ou a recomendam apenas se: 1) o tutor estiver muito preocupado com a possibilidade de metástase; 2) se a progressão do tumor estiver provada; 3) se houver complicações com desconforto para o gato, como nos casos de glaucoma secundário.
• Recomenda-se que uma eventual enucleação seja feita com precisão porque, em humanos, a remoção do globo ocular afetado pelo tumor tem sido associada a metástases.

Prognóstico e manejo

Um estudo de longo prazo mostrou que pacientes com melanoma ocular inicial não têm maiores riscos de disseminação do câncer que envolva risco de vida. Já os pacientes com lesões avançadas tiveram as expectativas de vidas drasticamente reduzidas. O prognóstico do gato vai depender de quanto o melanoma se espalhou dentro do olho. O veterinário oftalmologista fará o acompanhamento periódico para monitorar a pressão intraocular do gato, caso a cirurgia de enucleação seja descartada. Exames de raio-x para verificar se há metástase podem ser indicados a cada seis meses após o diagnóstico inicial foi feito.

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Site pesquisado:

http://www.petmd.com/cat/conditions/eyes/c_ct_eye_tumor