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Adotou um novo gato? Veja algumas dicas para fazer a adaptação do novato aos outros gatos da casa

Seis passos para fazer a adaptação do novo gato ao ambiente e aos outros gatos da casa

Ao contrário do que se acreditou durante muito tempo, gatos não são criaturas solitárias e, na maioria das vezes, serão mais felizes com uma companhia da mesma espécie. Entretanto, esses animais são altamente territoriais e a introdução de um novo felino requer sutileza e paciência.

Frederico e Nicole red 2
Nicole e Frederico, que se conheceram já adultos

Introduções descuidadas são um grande erro, porque podem causar problemas de relacionamentos crônicos e passar a exigir controle de danos. Não importa que seja o seu segundo ou décimo gato, ele deve ser bem introduzido da primeira vez.

Para entender a importância de uma boa apresentação, imagine duas situações. Primeiro um total desconhecido indo morar com você, sem levar absolutamente nada, e se apropriando de todas as suas coisas, dentro da sua casa. Pense, ainda, em uma situação em que você fosse jogado em uma selva, ou na casa de uma família completamente estranha, sem nenhum dinheiro ou pertence próprio, nem mesmo alimentos, e tudo nesse lugar já pertencesse a alguém. Bem chato, né?

São dois cenários que ajudam a ilustrar os dois lados: do gato que chegou e do(s) gato(s) que já está(ão) na sua casa.

A especialista em comportamento felino Pan Johnson-Benett alerta que nós precisamos dar aos gatos motivos para se gostarem, mostrando que coisas boas acontecem quando eles se encontram, fazendo isso “com um dos sentidos de cada vez”.

Primeiro os gatos devem ouvir uns aos outros (se forem faladores), depois trocar os cheiros (de forma controlada), a seguir, irão ver-se (também de forma controlada) e, finalmente, se tocar (de forma controlada e com atitudes positivas).

O processo deve considerar e prover todas as necessidades básicas dos gatos, fazendo que se sintam seguros e sem necessidade de competir por recursos.

Seis passos para uma introdução bem feita.

(adaptado de http://www.catbehaviorassociates.com/how-to-introduce-a-second-cat/)

Primeiro passo: preparar um refúgio para colocar o novo gato durante o tempo de adaptação

Segundo passo: usar a comida para mostrar que coisas boas acontecem quando eles se encontram

Terceiro passo: hora de trocar cheiros

Quarto passo: brincando de esconde-esconde

Quinto passo: porta totalmente aberta

Sexto e último passo: o ambiente dos gatos na casa

 

 

Primeiro passo: preparar um refúgio para colocar o novo gato durante o tempo de adaptação.

A primeira providência é preparar um refúgio para iniciar o processo de adaptação. Esse processo permitirá ao novato habituar-se às pessoas, aos barulhos e aos cheiros da casa. A proximidade sem contato direto, seja visual ou físico, também ajudará o(s) gato(s) já residente(s) a entender(em) que há um novo bichano do outro lado da porta, que parte do seu território foi tomado por outro, mas não a casa toda.

Como fazer?

  • Escolher o cômodo. Qualquer lugar com uma porta e sem possibilidade de fuga servirá bem ao propósito, mesmo que seja um cômodo pequeno, como um banheiro.
  • Preparar o local colocando os recursos básicos para o gato: um arranhador, camas confortáveis, várias tocas/esconderijos (caixas de papelão dão ótimos esconderijos), brinquedos, caixa com areia sanitária, comida e água fresca. Tudo novo ou bem lavado, sem cheiro de outros gatos.
  • Colocar os recursos de forma que o gato tenha fácil acesso a eles. Preferencialmente a comida e a água devem ficar longe da caixa de areia.
  • Manter a mesma areia sanitária com a qual o gato está acostumado, caso ele já tenha o hábito de usar a caixa de areia. Gradativamente, você pode ir misturando aquela que deseja usar.
  • Se for possível, colocar um difusor de feromônio felino sintético no cômodo.
  • Levar o gato diretamente para o refúgio, dentro da caixa de transporte, abrir a porta e deixá-lo à vontade. Assim, ele se sentirá mais confortável para sair quando se sentir seguro para investigar o local.
  • Deixar o gato confinado neste refúgio pelo tempo necessário para que ele se familiarize com o espaço, com os barulhos da sua casa e para que os demais se acostumem com a ideia de que há um novo gato na casa. No futuro, esse espaço também poderá tornar-se o refúgio e território pessoal do recém-chegado.
  • Acostumar o gato com recompensas, elogiando quando ele usar a caixa de areia ou o arranhador.
  • Não permitir que o gato tenha acesso ao resto da casa nem aos demais animais antes que ele se sinta seguro no refúgio e esteja acostumado com você. Sempre que possível, procure passar algum tempo sozinho com ele, conversar e brincar.
  • Usar homeopatia pode ajudar a acalmar os ânimos. Colocar alguns glóbulos da Arnica 30CH nos potes de água de todos os gatos, começando alguns dias antes de o novo bichano chegar à casa, durante todo o processo de adaptação e trocas de cheiros, até alguns dias após todos já estarem convivendo juntos de forma amigável.

Importante:

  1. Manter a rotina dos gatos já residentes na casa. Não se esqueça de brincar com eles e de manter a interação usual. Evite transmitir os cheiros acintosamente neste período. Procure usar um robe ou avental sobre a roupa ao brincar com o novato e lave as mãos antes de ter contato com os gatos já residentes.
  2. Se possível, dê preferência a um cômodo que os gatos já residentes tenham pouco ou nenhum acesso, de forma a influir minimamente na rotina.
  3. Para aumentar a segurança durante todo o processo de adaptação, pode ser interessante cortar as unhas de todos os bichanos: novato e já residentes.
  4. Pode acontecer de os gatos antigos ficarem bravos entre eles ou com os donos enquanto não estiverem acostumados com o novo habitante da casa. A melhor forma de enfrentar isso é não apressar a introdução e não forçar o(s) gato(s) estressado(s) a nada. Siga os passos da apresentação, respeite o tempo de cada um e tenha paciência.

Segundo passo: usar a comida para mostrar que coisas boas acontecem quando eles se encontram

Iniciar este passo quando os gatos, inclusive o novato, já estiverem habituados com a situação de “um estranho no ninho”.

  • Alimentar os gatos colocando comida dos dois lados da porta do refúgio. A princípio a alguma distância, e depois ir aproximando.
  • Oferecer a comida várias vezes ao dia, colocando pouco alimento de cada vez, porque a frequência das sessões é mais importante do que a quantidade que os gatos poderão comer.
  • Você pode trocar a comida usual por petiscos diferentes, caso perceba que isso vai funcionar melhor.
  • Se o gato residente não se aproximar da comida, coloque o pote onde ele se sentir confortável e vá aproximando da porta aos poucos.
  • Definir a distância dos potes em relação à porta com base na reação dos gatos (lembrando que eles ainda estão separados e nunca se viram) e ir aproximando conforme forem se acostumando.

Terceiro passo: hora de trocar cheiros

Coloque uma meia limpa em uma das mãos e esfregue suavemente na cabeça do novo gato, ao longo dos lados da boca, no queixo, nas bochechas e na testa, porque é nesta região que estão as glândulas responsáveis pela produção dos feromônios faciais. Faça isso durante um ou dois minutos de cada lado.

Coloque a meia na área do gato já residente, para que ele entre em contato com o cheiro do novo gato, e possa fazer a sua investigação a partir de uma mensagem amigável.

Caso você tenha o feromônio sintético comercial, também pode dar uma borrifada na ponta contrária da meia, longe de onde esfregou no novo gato. Isso não é obrigatório, mas pode aumentar a chance de sucesso.

Não se esqueça de oferecer uma recompensa aos gatos pelos comportamentos positivos. Dê um petisco para qualquer demonstração de interesse do gato na meia. Por exemplo, se o gato cheirá-la, ou mesmo apenas se aproximar, ofereça a recompensa. Se o comportamento for negativo, ignore. Comportamentos neutros devem ser entendidos como positivos e também recompensados, pois o que procuramos são sinais de relaxamento e aceitação.

Deixe o gato à vontade com a meia, pois isso dará tempo para ele se acostumar com o cheiro do novo amigo de uma maneira segura.

  • Usar o cheiro no paninho para apresentar o(s) gato(s) residente(s)

Agora é a hora de coletar a mensagem dos gatos residentes, para entregar ao recém-chegado.

Com o outro pé da meia, esfregue gentilmente o gato mais antigo, na mesma região da cabeça, ao longo dos lados da boca, no queixo, nas bochechas e na testa

Se você tiver mais que um gato, evite estressá-los e use um pé de meia para cada um deles.

Em seguida, coloque o pé de meia dentro do refúgio do novo gato e repita o processo descrito no passo anterior, recompensando os comportamentos positivos e ignorando os negativos.

Para identificar comportamentos positivos, devemos buscar sinais de relaxamento e aceitação, não necessariamente abertos ou efusivos. Comportamentos neutros, mas sem sinais de descontentamento, são considerados positivos.

Repita o processo algumas vezes antes de fazer a apresentação oficial dos gatos.

  • Permitir a exploração dos territórios

Separar os gatos antigos em uma área da casa, mesmo que seja em um cômodo, e liberar o novato para conhecer uma parte maior, próxima ao seu refúgio. Assim, enquanto conhece o novo espaço, ele absorve o cheiro dos gatos já residentes e deposita o seu cheiro no local. Nunca forçá-lo a sair do cômodo. Deixe a porta aberta e que ele decida quando e como explorar. Permita a exploração algumas vezes ao dia.

  • Permitir também que os gatos residentes explorem o refúgio, mantendo o novato em outro cômodo, mesmo que seja dentro da caixa de transporte, enquanto isso acontece. Deixar a porta aberta para que entrem quando se sentirem à vontade com isso. Alguns gatos podem não querer entrar. Se isso acontecer, não force.
  • Reforçar associações positivas. Depois que eles explorarem o refúgio, oferecer petiscos.
  • Usar areia usada sanitária para misturar os cheiros: pegar alguns grãos de areia usada pelo novo gato, com urina mesmo, e colocar nas bandejas dos demais. Fazer também o inverso, colocando alguns grãos de areia usada pelos outros gatos na bandeja do novo. Apenas alguns grãos, não exagerar, para não provocar problemas de eliminação incorreta.

Quarto passo: brincando de esconde-esconde

Juju red
Joaninha: espreitando o novo território
  • Iniciar este passo deixando apenas uma fresta da porta do refúgio aberta durante as sessões de alimentação.
  • Abrir parcialmente a porta do refúgio, de forma que todos consigam se ver, enquanto é oferecido algo muito apetitoso para comerem. A vasilha do novato permanece dentro do refúgio e a dos outros fora dele.
  • Oferecer pequenas quantidades de alimento, encerrar as seções logo após todos terem terminado de comer (a brevidade aumenta a chance de que se encerrem de forma positiva), e repeti-las algumas vezes ao dia.
  • Não permitir que nenhum dos gatos abra a porta totalmente. Se necessário, usar um peso de portas.
  • Um portãozinho ou uma grade podem ajudar a conter os gatos, se for necessário. Mesmo que os bichanos sejam capazes de pular o portão, ele funcionará o suficiente como uma barreira psicológica, enquanto eles comem.
  • Desviar a atenção com brincadeiras, caso algum dos gatos se mostre muito interessado em outro.

Quinto passo: porta totalmente aberta

O melhor momento para este passo será diferente para cada situação e determinado pelo comportamento dos gatos: eles precisam estar confortáveis com as sessões de comida e com a porta entreaberta.

  • A porta deverá ficar totalmente aberta por curtos períodos, pois ainda é uma fase de apresentação.
  • Brincar com os gatos para aumentar o número de experiências positivas entre eles. Uma excelente opção é uma varinha. Para evitar competição entre eles, opte por brincadeiras paralelas, usando, por exemplo, duas varinhas, uma em cada mão.
  • Não se apressar e seguir o ritmo dos gatos. Não ficar contrariado se algum deles se esconder, ou se fizerem fuzzz.
  • Estar sempre por perto enquanto o refúgio estiver aberto.
  • Colocar o recém-chegado de volta nele durante a noite ou quando os gatos ficarem sem supervisão.
  • Sempre acompanhar o encontro entre os gatos durante as primeiras interações. Fazer isso de forma causal, sem transmitir a eles sinais de preocupação. Apenas preste atenção, de longe, ao comportamento dos gatos e a eventuais problemas.
  • Nunca separar brigas pegando um dos gatos no colo, pois você pode se machucar. Esteja sempre atento para distraí-los antes que se peguem.
  • Manter um brinquedo à mão para distrair os gatos caso eles se estranhem. Petiscos também podem ajudar.
  • Aumentar o tempo de convívio conforme os gatos se mostrarem confortáveis uns com os outros.

Sexto e último passo: o ambiente dos gatos na casa

  • Organizar o ambiente de forma a encorajar a segurança dos bichanos, dispondo todos os recursos de que precisam em quantidade suficiente para que não haja disputas.

A localização dos recursos também é importante. Por exemplo, não adianta ter 6 caixas de areia para 5 gatos se todas ficarem emboladas no mesmo lugar. O mesmo vale para os potes de água, comida e demais recursos. Alguns gatos podem se sentir intimidados com a proximidade de outro. Para que isso não aconteça, distribua os recursos pela casa. Faça isso considerando a área preferida de cada gato.

Lembrando que recursos compreendem: água, comida, caixas de areia, arranhandores, tocas, prateleiras, brinquedos.

Prateleiras aumentam a sensação de amplitude do território dos gatos, e tocas são pontos de segurança para descanso ou para fugir de eventuais situações estressantes.

  • No dia a dia, manter os gatos ocupados com sessões diárias de brincadeiras e brinquedos interativos onde se pode colocar comida dentro.
  • Respeitar o ritmo do gato mais estressado. Nenhum deles deve ser compelido a enfrentar uma situação ainda não confortável.
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Tico, Derek e Mingau: “caçando” ração no João-bobo

O tempo da introdução poderá variar de alguns dias a alguns meses, dependendo da personalidade dos animais e de como você lida com a situação. Não desanime!

Se as coisas não estiverem indo muito bem, mantenha a calma e desacelere o processo.

Lembre que forçar os gatos a conviverem e pular etapas pode comprometer o bom convívio futuro.

 

Referências:

Johnson-Bennett, Pan. Cat vs. cat: keeping peace when you have more than one cat.

How to Introduce a Second Cat

http://www.perfectpaws.com/intro.html

http://www.catbehaviorassociates.com/a-simple-little-trick-to-use-during-new-cat-introductions/

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