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Sarcoma no local de aplicação, ou sarcoma vacinal

A luta da gata Matilda, a minha frajola querida

Raios cerebrais fulminantes. Era assim que, segundo o meu marido, a Matilda comandava a casa, ou melhor, eu. Ela era capaz de sentar e ficar me olhando nos olhos por longos períodos até eu entender e fazer o que ela queria. Claro que depois que fiquei bem treinada eu passei a captar rapidamente as ordens transmitidas e a executá-las imediatamente.

Matilda chefe
Matilda

Essa frajola linda foi um marco na minha vida: era geniosa, folgada, controladora, carinhosa e absolutamente adorável. Ela e o irmão tinham menos de dois meses de idade quando foram levados pela mãe gata aos fundos de um prédio onde eu morava.

Como o zelador iria colocá-los na rua por ordem do síndico, eu os peguei e os levei para morar com o Billy e o Ted, na casa da minha mãe, porque eu já tinha vários gatos em casa. Mais tarde castrei a mãe deles e acabei ficando com ela também.

Aos 5 anos de idade, a Matilda foi diagnosticada com linfoma multicêntrico e eu a levei para morar comigo. Depois de altos e baixos, ela entrou em remissão e tornou-se a dona da casa.

Em 2005 foi feito diagnóstico de “sarcoma no local de aplicação”. A Matilda foi a minha primeira gata com esse tipo de câncer e, depois dela, vieram outros dois: o Billy e a Leeloo, esses dois com sarcoma vacinal.

Naquela época, eu já conhecia as vacinas quíntupla e antirrábica como os maiores fatores de risco para esse tumor e já tinha adotado um protocolo de vacinação mais condizente com o estilo de vida dos meus gatos, que não tinham acesso à rua.

Infelizmente, essa providência não livrou a Matilda do terrível câncer, porque foram os efeitos colaterais de injeções do antibiótico terramicina que provocaram as reações inflamatórias que resultaram nos tumores. Elas tinham sido aplicadas 5 anos antes do surgimento do tumor para tratamento de um possível micoplasma. Na época, ela passou mal, com febre muito alta e fortes dores no corpo. Lamentavelmente, o veterinário que prescreveu o antibiótico não me dava ouvidos, pois desconhecia as reações que esse medicamento pode provocar em gatos. Foram muitos dias de desespero com o estado da gata, mas ele só dizia para eu ter paciência, porque a febre cederia. Eu acabei descobrindo que era o antibiótico o causador do estado da Matilda no fórum de uma Ong americana.

Matilda cirurgia 2
Matilda, com a cicatriz da primeira cirurgia ainda em evidência

Interrompido o antibiótico, e curados os abscessos que surgiram nos locais das aplicações, a gata melhorou vagarosamente, e a vida parecia normal novamente até o surgimento do sarcoma.

Já com um novo veterinário, foi feita a cirurgia para remoção do tumor e com margens cirúrgicas enormes. Tudo ficou bem por 3 anos, quando surgiu um novo nódulo do outro lado do corpo, exatamente debaixo da cicatriz de um dos abscessos. Como já tinha acontecido com o primeiro.

 

Matilda quimio
Matilda, durante uma aplicação de quimioterapia

Mais quatro cirurgias se seguiram à primeira.  Sem possibilidade de novas cirurgias, e com o tumor crescendo novamente, a Matilda passou a receber aplicações de quimioterapia, que ela aguentou bravamente, sem nenhum efeito colateral, até que o limite residual da droga no organismo foi atingido e tivemos que interromper o tratamento. A quimioterapia propiciou a ela aproximadamente mais um ano de vida.

Em setembro de 2012, aos 15 anos, a minha linda frajola se foi, deixando um vazio enorme na minha vida.

O que ficou de experiência desse triste acontecimento:

    • Vale a pena continuar procurando um veterinário que nos ouça – eu felizmente encontrei.
    • Sempre que possível, é importante ter um veterinário holístico, para complementar o tratamento tradicional (bons veterinários não se sentem melindrados com isso).
    • O custo-benefício do excesso de vacinação não só não existe como é prejudicial aos nossos gatos e a nós. Isso ficou claro porque, muito embora o sarcoma da Matilda não tenha sido provocado por vacina, o desenrolar foi exatamente o mesmo.
    • Sempre que possível, dar preferência a medicamentos administrados via oral.
    • Reações adversas podem ser um importante motivo para interromper medicamentos e reorganizar tratamentos.

 

 Sites pesquisados:

http://explore.vetdepot.com/medications/Oxytetracycline/

http://www.merckmanuals.com/vet/pharmacology/antibacterial_agents/tetracyclines.html

https://www.vetstream.com/felis/Content/Generic/gen00200

http://www.petplace.com/drug-library/oxytetracycline-terramycin-liquamycin/page1.aspx

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